VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde

O VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde é um espaço para trocas de informações e saberes entre os adeptos da tradição religiosa afro-brasileira, gestores, profissionais e conselheiros de saúde.

O Seminário pretende também estimular discussões sobre a implementação e monitoramento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e suas intefaces com outras políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas no SUS.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Fique sabendo o que aconteceu no seminário nacional



Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro realizam o VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde


Com o objetivo de conhecer os desafios e as possibilidades de estratégias de implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra em consonância com as outras políticas e programas do Sistema Único de Saúde e fortalecer o diálogo entre as lideranças de terreiros, gestores, profissionais e conselheiros de saúde, aconteceu no Rio de Janeiro, de 18 a 20 de agosto, o VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde: Dialogando com as Políticas Públicas de Saúde e discutindo os novos rumos para o SUS. O evento também teve a finalidade de aproximar as práticas de saúde dos terreiros às práticas de saúde do SUS.


O primeiro dia do evento teve início com o Presente as Deusas das Águas, na praia de Copacabana, que marcou a importância da tradição religiosa de matriz africana no contexto religioso e cultural brasileiro. Foi com muita alegria que o "povo de santo" celebrou a realização de mais um seminário da Rede que juntou diversas lideranças de matrizes africanas de todo o país, conselheiros, gestores e profissionais de saúde. A guarda civil do Rio de Janeiro cumpriu seu papel abrindo os caminhos para o cortejo que tomou as ruas de Copacabana, cantando e dançando para saudar as deusas.


Após a cerimônia do Presente, foi a Mesa de Abertura que contou com as presenças de José Marmo da Silva(secretario-executivo da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde), Pai Celso de Obaluaiê( coordenador do Nucleo RJ da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde), Sr. Arnaldo Marcolino (Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra), Dra. Jurema Werneck (Conselho Nacional de Saúde), Sr.Harold Robinson(Fundo de População das Nações Unidas/UNFPA), Sr. Martws Chagas(Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial/SEPPIR)e Dr. Hans Dohman(Secretário Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro). O Secretário Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, Dr Hans Dohman ratificou o compromisso e a parceria estabelecida com a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde lembrando também da necessidade da Secretaria Municipal de Saúde do RJ avançar nas ações de saúde nos terreiros.


O painel Religiões Afro- Brasileiras, Desenvolvimento e Saúde contou com Mãe Beata de Iemanjá(Ilê Omi Ojuarô/RJ) e Makota Valdina(Tanuri Junsara/Salvador) e a coordenação de Mãe Meninazinha de Oxum(Ilê Omulu e Oxum/RJ). Esse painel questionou o modelo de desenvolvimento estabelecido em nossa sociedade e apresentou outras formas de pensar e viver o desenvolvimento pela população de terreiros e pela população negra. Mostrou que é necessário um desenvolvimento que inclua a todos e todas. Ao final do primeiro dia a apresentação cultural foi por conta do Coral Arte Cânora que contemplou o público presente com um recital de cânticos negros.


O segundo dia(19 de agosto) começou com a Conversa Afiada: A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: desafios e perspectivas para a implementação nos estados e municípios, com as presenças de
Lucia Xavier (Criola e Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra) e Dr. Ismael Lopes(Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde/ CONASEMS) sob a coordenação de Dra. Fernanda Lopes (Fundo de População das Nações Unidas/UNFPA).


A Conversa Afiada mostrou que ainda é muita tímida as atuações dos governos municipais e estaduais na implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, apesar da Política ter sido negociada na Comissão Intergestores da Tripratite, reforçada pelo desconhecimento e a falta de vontade política dos gestores e profissionais de saúde em relação a mesma. Questões como racismo e intolerância religiosa também foram pauta das discussões na Conversa Afiada.


Dando continuidade ao seminário, a parte da tarde contou com os seguintes temas: a Política Nacional de Atenção Básica, apresentada por Robson Xavier da Silva do Ministério da Saúde, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, por Mara Zélia de Almeida da Universidade Federal da Bahia, a Política Nacional de HIV/Aids, apresentada por Damiana Bernardo de Oliveira Neto do Ministério da Saúde, e Saúde da população negra e combate ao racismo institucional: a experiência do Ministério Público de Pernambuco por Maria Ivana Botelho.


Na manhã do dia 20 de agosto foram apresentadas as Comunicações: Por uma Política Nacional de Educação Popular e Saúde com Osvaldo Bonetti da SEGEP/Ministério da Saúde, e Ancestralidade, Filosofia e Religiosidade Africana Bantu por Luis Tomas Domingos da Universidade Estadual da Paraíba.


Dando prosseguimento ao evento o tema da segunda Conversa Afiada foi Os Terreiros, o SUS e o Controle Social que contou com as presenças de
Babá Dyba de Iemanjá do Núcleo Porto Alegre da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, da Dra Ana Costa do Ministério da Saúde, da Dra Jurema Werneck do Conselho Nacional de Saúde e do Sr. Arnaldo Marcolino da Comissão Intersetorial de Saúde da População Negra do Conselho Nacional de Saúde, tendo como coordenador Pai Mariano de Ossain do Núcleo Maranhão da Rede.


O debate foi bastante acirrado e mostrou que a população de terreiros e população negra vem avançando no controle social e realizando várias conquistas, mas ainda assim é necessário o fortalecimento dessa participação. O SUS precisa reconhecer a presença marcante da população negra e oferecer serviços com qualidade e resolutividade para esse segmento da população e o combate ao racismo institucional é fundamental para a redução das desigualdades raciais em saúde.


Na parte da tarde aconteceu a Comunicação: 100 Anos de Doença Falciforme realizado por Carmem Solange do Ministério da Saúde e Gilberto dos Santos do IBraFH(Instituto Brasileiro de Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias) seguida de debate.


Ao final do seminário foram levantados pontos importantes pela platéia para construção da Carta do Rio de Janeiro que será encaminhada para o Ministério da Saúde, Conselhos de Saúde, Secretarias de Saúde, SEPPIR e Ministério Público com o objetivo de fortalecer a luta dos terreiros e da população negra na área da saúde e dos direitos humanos.

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